Fazendo uma retrospectiva das interdisciplinas, gostaria de contextualizar que "Artes Visuais e Educação" foi responsável por exercer uma mudança no meu pensamento de grande relevância e importância.
Ao realizar as atividades no WEB FOLIO eu descrevi um sentimento ruim e uma lembrança bastante negativa das aulas de artes quando eu era criança.
A partir das leituras sugeridas e dos vídeos assistidos, fazendo uma retrospectiva dos meus anos escolares, veio à tona a rememoração de lembranças um tanto desagradáveis no que tange a arte.
Inicialmente considero importante contextualizar que sou Verlaine Angela Zanesi Maciel, nascida no dia primeiro de dezembro do ano de 1969, portanto quase meio século de evolução na arte. Sou filha de um projetista de máquinas e sistemas industriais, portanto sempre convivi com desenhos técnicos e com formas milimetricamente perfeitas, acessei materiais de uso técnico e profissional de escrita e medições para as minhas primeiras garatujas. Mesmo antes de iniciar o meu processo escolar eu manuseava réguas, transferidores, compassos e lapiseiras técnicas de 0.5 mm, razão pela qual nunca gostei de escrever com lápis grafite, por acha-lo pesado e com um traçado muito grosso e o lápis grafite para desenho era algo que eu tinha aversão em utilizá-lo, porque tudo o que eu representava com ele ficava borrado. Então quando cheguei a escola, no ano de 1975, aos seis anos de idade, estava muito ansiosa para demonstrar aos meus professores e aos meus colegas as minhas habilidades técnicas no manuseio dos materiais, pois não tinha recebido estímulos para despertar ou aguçar a minha criatividade nas minhas representações artísticas.
No decorrer da minha escolarização o meu perfeccionismo, treinado com orgulho pelo meu pai, logo se transformou em frustração e um desejo enorme de poder fugir de as aulas de Arte, naquela época chamadas de Educação Artística. Eu estava na 2ª Série e foi solicitado que desenhássemos uma árvore, parece-me que era “Dia da Árvore” e eu querendo impressionar a professora desenhei uma árvore com o caule perfeitamente reto, pois eu o tinha feito usando a régua. Quando fui mostrar a professora acreditando que seria o trabalho mais bonito, uma vez que era o mais perfeito, ouvi ironias da professora perguntando aos meus colegas se em algum lugar eles tinham visto uma árvore com um caule extremamente reto, que eu não poderia ter feito o caule com régua, tinha que ser com traçado livre. A partir desse momento a minha autoestima nas representações artísticas sempre foi muito baixa, sempre vinha o temor que receberia novas críticas e, assim o meu enunciado poético, perdeu toda a magia e o encantamento pelas criações artísticas.
Ter tido a oportunidade de pensar sobre este assunto me oportunizou mudanças na minha maneira de conduzir as experiências com arte com os meus alunos, pois entendi que eu não poderia reproduzir a atitude da minha professora, já estava na hora de mudar esse resultado e então realizei várias atividades com os meus alunos da turma do estágio trazendo para eles a arte como algo prazeroso.Acredito que isso sim é uma mudança de paradigma, ou seja, uma mudança nas minhas concepções a cerca da arte, porque hoje consigo ver a arte como uma manifestação do modo de pensar das pessoas sobre os fatos que acontecem no seu cotidiano , sem a obrigatoriedade de serem bonitas, mas que consigam chamar a atenção para provocar a reflexão nas outras pessoas e estas possam definir pra si mesmas um novo conceito de "feio", "bonito", "alegre", "triste"; enfim, algo que possa ser significativo para elas.
Não existe regras, padrões definidos ou materiais obrigatórios e apenas o respeito a liberdade de expressão.
Afinal qual o problema em desenhar uma árvore com régua?
Atualmente não se fazem desenhos maravilhosos no software Minecraft?
Qual é o formato das árvores lá?
Eu estava muito a frente do meu tempo e a minha querida antiga professora é que não me entendeu.
Por tudo isso não quero limitar ou impedir a criatividade e as manifestações artísticas dos meus alunos.
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